Acho que todas nós já nos apaixonamos por algum(a) amigo(a), em algum momento. É algo que acontece com praticamente toda menina, seja na adolescência ou na fase adulta. Eu, pelo menos, já passei por isso, e uma parte de mim ainda vai continuar a sentir isso.
No começo, é só amizade — e de fato é. Mas, em algum momento, alguém te pergunta: 'Você gosta dele(a)?' E, nesse instante, você se vê questionando a si mesma, perguntando se está cega ou se está apenas fazendo de conta que não vê.
E, a partir daquele momento, você sabe. E tudo desmorona, como um castelo de areia construído por uma criança sem muita coordenação. Você coloca os bois na frente da carroça e, em um piscar de olhos, tudo se vai.
Com o passar dos meses, você começa a enxergá-lo de uma forma diferente. Não é mais só o amigo de antes — agora, é ele, de verdade. Você o encontra na multidão, e não é por causa dos seus 1,92m de altura, mas pela maneira como ele se destaca para você, pelo sentimento que agora te envolve. Você já conhece o jeito com que ele fala, o perfume que deixa no ar, a rotina que ele segue, até os hobbies. E, até o tênis que ele usa, parecendo contar uma história sua, como se fosse uma parte de tudo o que ele é, e o que você passou a sentir.
O problema de uma amizade tão imersiva é que, desde o amanhecer, há mensagens de bom dia, fofocas, figurinhas e os problemas de cada um. E, ao final do dia, o 'boa noite' também vem recheado de tudo isso, com a diferença de que: 'Boa noite, neném. Até amanhã. Bons sonhos, e talvez você sonhe comigo.'
Vocês se tornam um.
Pelo tempo dividido, pelos segredos, pela vida. Você dividiu a sua vida comigo e deixou marcas na minha — e eu nem senti, nem vi. Fui avisada por terceiros, e ali, percebi a minha cegueira em relação a você.
E agora, a sala percebe, suas amigas sabem e você sabe.
Do gostar, passou-se para o apaixonar. E agora não tem mais volta, porque o destino decidiu ajudar você a se iludir, assim como todos ao redor. Mesmo aniversário, mesmo nome de cachorro, mesmo sobrenome, mesmo gosto por esporte…
Como se você fosse a pessoa que eu seria se eu fosse homem.
Mas existe o outro lado da moeda. Onde ele diz que estava 'indeciso', que não queria me machucar e nem namorar. Nesse instante, você percebe o erro da comunicação, porque nunca pedi um namoro ou que ele tomasse uma decisão. Eu só queria tirar o peso de fingir que não estava apaixonada, como se fosse um crime, como se eu fosse a ladra prestes a ser descoberta.
A bomba explode uma hora, e eu me explodo sozinha, sem ajuda nenhuma, sem aviso ou preparação. Fui soterrada pela avalanche e, até hoje, não me encontrei.
E então, num dia qualquer, você descobre que ele também sentia algo por você... ou será que fingiu estar? Até hoje, não sei e prefiro nem descobrir.
Porque, no final, a verdade é que todo esse enredo era previsível.
Um menino que se dizia apaixonado, uma menina apaixonada com uma dependência emocional gigantesca, com problemas familiares e totalmente introvertida. Os dois, trocando mensagens no WhatsApp numa madrugada qualquer, e o resultado? Paixão, que levou a um ano e meio sem se olhar nos olhos um do outro.
Porque fui eu quem pedi distância e sofri como se você tivesse morrido. E, de certa forma, foi isso que aconteceu.
E não pense que sou a certinha da história, porque não sou — e ele também não é. A nossa diferença é que eu nunca colocaria esperança em algo que não fosse real e fingiria mil sentimentos por você, para depois, em uma confissão que te fiz, ouvir que você estava apaixonado por outra pessoa, enquanto me iludia com rosas e palavras.
E, apesar de tudo, ainda guardo em mim o eco do que nunca se concretizou.
Pior que te entendo, diva. Nosso cupido claramente fez estágio em filme de terror. 😅
Amg, me descreveu em tudoooooo, inclusive, até no 1,92 de altura ksksk
Um belo texto, parabéns <3