Com o passar do tempo, e com a evolução da tecnologia e da medicina, podemos — ou para a sociedade, devemos — buscar o rejuvenescimento. Ter aquela aparência de 20 e poucos anos, com procedimentos estéticos, receitinhas "milagrosas", cirurgias e mais cirurgias. No entanto, será que isso é realmente necessário?
Quando se fala em envelhecer, a grande maioria pensa — ou impõe a si mesma — que vai envelhecer como os grandes atores de Hollywood ou cantores. Mas a verdade é que isso é uma grande ilusão. A verdadeira questão está em como aceitamos as marcas do tempo em nossos corpos.
Vamos considerar um exemplo: experimente visitar zonas rurais e observe as pessoas mais idosas, com a idade mais avançada. Você verá manchas, estrias, diferentes tipos de corpos, rugas, linhas de expressão, olheiras e tantas outras marcas ou rastros de suas vidas. Essas "marcas" são, de fato, os rastros de suas histórias: horas no sol, muitas vivências, desafios, grandes ou nenhum amor, solidão, trabalho duro e, em sua maioria, um pouco de conhecimento adquirido ao longo de suas vidas.
Com o passar do tempo, a velhice chega a todos, sem exceção. Porque, se você não quiser envelhecer, sinto em dizer, terá que morrer jovem. A velhice é, na verdade, uma coisa linda, pois carrega consigo as histórias de vida não apenas suas, mas também de seus antepassados. É também um reflexo de como, na velhice, em grande parte da população, acabamos nos parecendo com nossos pais — como se fosse uma realidade paralela ou até mesmo um irmão gêmeo.
Agora, o que eu quero frisar e deixar claro são três pontos importantes:
Primeiro, está tudo bem ter medo da velhice. Eu também tenho esse medo. A velhice é um tema profundo, cheio de camadas, e é inevitavelmente o final da vida de cada um de nós. Uma vida vivida, mas talvez incompleta; uma vida de grandes sonhos, mas com poucos realizados, ou uma vida inteiramente concluída; uma vida interrompida ou uma que se estende por 100 anos. A velhice, assim como a vida, é diversa, e cada jornada tem sua própria conclusão. O nascimento, a adolescência, a fase adulta e, finalmente, o fim da história.
Em segundo lugar, você pode e deve desejar envelhecer do seu jeito e conforme suas escolhas. Se você deseja envelhecer sem procedimentos e com seus cabelos brancos, tudo bem! Mas, se você preferir não fazer isso, também está tudo certo. Afinal, esta é a sua vida, e talvez a única que teremos nesse universo. As escolhas que fazemos moldam nossa existência e refletem nossa personalidade. Sua vida, suas decisões, sua maneira de viver — são elas que compõem o grande e memorável final de sua história.
E, por fim, tenha orgulho de si mesmo, de suas escolhas, de suas marcas e de seu corpo. É neste corpo que você construiu sua história: um filho, um cachorro, o legado de seus antepassados — independentemente da sua cor, suas escolhas, suas vivências, histórias de amor, carreira, dificuldades e até seus traumas. Nosso corpo é como uma mala que carrega nossas experiências, e ele fala muito mais sobre nós do que as palavras poderiam expressar.
No final, a velhice é o resultado de tudo. De quem você e eu já fomos, de quem somos e, um dia, de quem seremos até chegarmos lá.
que texto lindo! pensar em envelhecer me da uma crise existencial horrível