Ainda acharei a minha tampa da panela?
Ao meu cúpido do amor que certamente é tão ansioso e procrastinador como eu. Esse ainda é o seu trabalho, não é?
Certamente, ao ler o título, você pensou em panelas ou simplesmente não entendeu nada e, consequentemente, acha que eu estou no mínimo um pouco embaraçada com as minhas próprias afirmações.
Bom, panelas e tampas de panelas, na maioria das vezes, são apenas isso: panelas e tampas. Mas, na minha família, significam muito mais. O “significado” de tampas ou panelas é sobre quem somos. Minha saudosa avó dizia que nós, mulheres, somos as panelas e os homens, a tampa dessa panela.
Para alguns, isso pode soar como loucura ou até machismo, se olharmos por um certo ângulo. Enfim, minha avó dizia que todos nós temos que achar a tampa da nossa panela ou, como eu irei simplificar para vocês: a nossa pessoa. Aquela que não nos completa, mas que venha a se encaixar na nossa vida. Que, de certa forma, venha a se moldar e também nos molde.
Acontece que eu só fui entender isso e pensar sobre isso agora. Eu, com quase 18 anos, reflito sobre isso. Afinal, eu era uma criança que pensava apenas em sereias, Scooby-Doo e mais alguns desenhos da minha época.
Em uma dessas minhas observações (como eu chamaria) eu estava sentada na calçada, esperando para ir embora da escola, quando vi um casal que, possivelmente, era bem mais novo que eu. Aquele dia era o dia dos namorados. E, para mim, solteira, essa data sempre foi marcada por discordâncias e concordâncias.
E, observando o casal aos beijos, o menino com presentes e um lindo buquê de rosas, me veio à mente uma frase que, no milésimo de segundo, já foi dita por mim no mesmo instante em que pensei:
“É estranho, né? Para alguns, o amor chega tão cedo na vida… e, para outros, morrem sem conhecer o amor.”
Eu certamente diria que essa frase tem um pingo de depreciação, mas é a pura verdade e certamente crua.
Quando eu me referi ao amor, quis dizer o amor romântico. Aquele que te faz querer envelhecer ao lado de quem você ama. Às vezes, ele chega para alguns como se tivessem nascido designados para amar. E outros já morrem sem nem conhecer esse tipo de amor... ou sequer o envelhecer.
Eu diria que sou a pessoa do segundo grupo, sem a menor sombra de dúvidas. Sou um armário de quase algo: um quase relacionamento, um quase ali e outro quase lá. Uma colecionadora de “quases” que eu nunca tive certeza. Uma apaixonada e, ao mesmo tempo, reduzida a ninguém. Nenhum relacionamento. Nem sequer cheguei a pensar nisso. Normalmente, eu sempre paro na fase de conversante e é isso.
Me pergunto se eu sou a errada... ou se sou uma fantasma ambulante, andando por aí sem chamar a atenção de ninguém.
Eu queria saber como é a sensação de ser vista por alguém. De ser amada. De alguém querer construir um futuro com você desde o namoro. E de saber qual é a tal sensação de “lar”, algo que eu nunca consegui, e que, há muito tempo, nem sei mais o que significa essa palavra.
Possivelmente, a essa hora, eu estaria culpando o meu cúpido que veio ao mundo igual a mim: procrastinando o meu lado romântico. Que é dever dele, ou função, não é mesmo?
E talvez eu ache a tampa da minha panela. Ou não. E, para ser bem verdadeira, eu diria que é mais fácil eu viver na solteirice da vida, com seis gatos e uns três cachorros em um apartamento isolado no meio do mundinho.
Talvez ninguém me entenda. Mas eu torço para que outras pessoas possam saber que todas ou a maioria ou eu, apenas estamos nessa “fase” da vida.
Antes que alguém diga, eu sei. Esses tipos de pensamentos deveriam vir depois dos vinte anos ou mais. Mas como posso não querer sentir o que até os filmes da Disney quiseram me ensinar desde pequena?
Mas, com toda certeza, existem frigideiras e isso a minha avó esqueceu de me contar. E talvez eu seja uma linda frigideira roxa com brilhos! O que não seria ruim. Afinal, eu nunca vi uma frigideira roxa com lantejoulas em qualquer loja.
Menina pensei tanto nas frigideiras! Aqui em casa várias tampas cabem nela, mas tem uma em específica que diria que foi feita pra ela. Só descobrimos depois de alguns testes.. acho que pode pensar nesse formato 🥹
E o que rolou comigo: eu encontrei minha tampa quando decidi que ia parar de buscar, juro!
Oi, Estela! Lindo texto!
Queria te dizer que já me senti muito assim nessa vida, sei como é. Mas também lembrar que você não tem nem 18 anos 🥹 Ainda tem muito chão pela frente e muita coisa pra aprender sobre o amor romântico! Fiquei parecendo uma velhota kkkkkkk